terça-feira, 27 de maio de 2008

Já passou e nunca passará...

Esta é uma foto de como estava hoje a mesa que o recentemente falecido Senador Jefferson Péres (PDT-AM) ocupava nas sessões da CPI dos Cartões Corporativos.

É quase revoltante, mas não vi sequer um daqueles "cidadãos indignados" com o crime da garota Isabela fazer qualquer manifestação de luto pela perda daquele inigualável homem público. E eu procurei; procurei muito.

Não que uma vida valha mais que a outra, nada disso; mas é que - cada vez mais - um povo que quer fazer justiça com as próprias mãos não cuida das mãos daqueles que têm poder para evitar, por exemplo, milhares de outras mortes de crianças pobres que são enterradas pela fome todos os dias (Cerca de 16 mil crianças com menos de cinco anos morrem de fome (ou problemas a ela relacionados) por dia, segundo dados da FAO - Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação).

E o poder que eles têm, pasmem - se alguém aí já esqueceu - é dado por nós mesmos...

Ignore a política. E quando uma criança morrer de fome por conta da falta de políticas públicas que garantam a ela o mínimo necessário para sobreviver, lembre-se: QUEM MATOU ELA FOI VOCÊ!

Para Refletir: Bakunin. Ele, há muito, já avisava...

Mikhail Alexandrovich Bakunin (1814/1876) foi talvez o mais brilhante dos Anarquistas. Ativista político russo, nascido em Premukhino, província de Tver, inspirador de movimentos europeus de contestação política e social. Filho de um rico proprietário de terras, nascido no seio de uma família aristocrática, após os vinte anos começou a estudar a filosofia de Hegel. Entrou para o curso de filosofia da Universidade de Berlim (1840) quando começou suas atividades políticas, criticando a filosofia especulativa, preferindo a teoria da ação política e afastando-se do pensamento hegeliano. Viajou pela Europa (1843-1848), conheceu Karl Marx e Proudhon (outro grande Anarquista). Em Paris, retomou parte no Congresso Eslavo de Praga (1848) e participou da Revolução Proletária, em Paris (1848), a histórica "Comuna de Paris". Participou da insurreição de Dresden (1849), onde foi preso e condenado à morte, tendo sua pena sido posteriormente alterada, quando foi entregue ao governo russo - que o manteve preso em São Petersburgo e posteriormente o exilou para a Sibéria (1857) de onde fugiu (1860) para o Japão e depois se fixou na Suíça. Fundou a Aliança Internacional da Democracia Social (1868) e acabou influenciando o proletário e atraindo mais pessoas. Durante disputa pela liderança da Associação Internacional de Trabalhadores, a famosa I Internacional, rompeu definitivamente com Marx no Congresso de Haia (1872). Em oposição a Comte, passou a perceber a centralização da autoridade e do Estado como a fonte de todo problema, identificando aí obstáculos ao desenvolvimento das pessoas e das Nações. Foi expulso da AIT por divergências políticas. Faleceu em Berna, na Suíça. A Associação Internacional dos Trabalhadores encerrou suas atividades no ano de sua morte (1876), resultado da disputas políticas internas entre os socialistas autoritários e libertários.

sábado, 24 de maio de 2008

Os bons morrem jovens...

Quem era ele, nesta agora terra de ninguém:

Jefferson Carpinteiro Péres nasceu em Manaus, em 1932. Foi professor universitário com pós-graduação em Ciência Política e renomado Advogado. (Clique aqui para acessar sua página pessoal na internet)

Iniciou sua vida parlamentar em 1988, quando foi eleito vereador, pela cidade de Manaus, tendo sido reeleito em 1992.

Jefferson Péres chegou ao Senado em 1995, onde se destacou por seu trabalho em prol da agilização da Justiça e pela reestruturação da Zona Franca de Manaus.

De forma especial, os árduos trabalhos e a colaboração ímpar durante a criação do Conselho Nacional de Justiça - que à época contrariaram interesses de poderosos dos cenários político e jurídico nacional - ajudaram a eternizá-lo com o alguns dos - talvez - últimos parlamentares que se candidataram e lançaram-se à carreira pública não em busca de um degrau a mais na profissão ou carreira, mas com o espírito público que permite o desprender-se dos interesses pessoais e particulares em prol daquilo que, sim, deveria ser o legítimo interesse do parlamentar: o infelizmente empoeirado espírito público.

A modernização econômica e a moralização das finanças públicas também foram focos de sua atuação. No Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, foi o relator do processo que levou à cassação do ex-senador Luiz Estevão. Além disso, dos relatores dos processos que investigavam as confusas atitudes de Renan Calheiros, foi o único senador responsável que - com coragem quase solitária - pediu a cassação daquele triste, tristonho e entristecedor senador do PMDB.

Dentre os Projetos de Lei de que foi relator, marcou também sua passagem pelo Senado a relatoria da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ultimamente, sua marcante presença parlamentar abrilhantava a liderança do PDT no Senado, sendo um dos principais líderes da bancada.

Em 2006, com discurso em defesa da ética, foi candidato a vice-presidente, na chapa de Cristovam Buarque.

É, caros leitores, os bons morrem jovens; jovens como Jefferson, que além de história, deixará insubstituíveis saudades e silêncios.

(Informações pessoais extraídas da página do Senado Federal).

terça-feira, 13 de maio de 2008

VÍDEO DA SEMANA: Orestes Quércia X Rui Xavier

"Safado! Mentiroso! Caluniador! Canalha! Malandro! Cala a boca..."

Um delicioso episódio da história do programa Roda Viva, da TV Cultura, aconteceu em 1994.

Orestes Quércia, então candidato à Presidência da República, quando perguntado pelo jornalista Rui Xavier sobre como enriqueceu rapidamente, descontrola-se e solta o verbo em rede nacional!

Um vídeo muito interessante e engraçado de se ver! Veja a íntegra da discussão na dica de vídeo (lado direito da página) ou clique aqui para vê-la através do Youtube.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Nova enquete: NARDONI PARA PRESIDENTE?!?

É com certa tristeza que percebemos que a atenção das pessoas volta-se apenas para verdadeiras desgraças. Se nos noticiários não há miséria, não há calamidade, não há penúria, não há infelicidade, não há também audiência.

E por quê?

Difícil responder; Difícil entender os motivos pelos quais as pessoas dão mais importância a problemas alheios, que em nada influenciam as suas vidas, do que para alguns que literalmente lhes tiram dinheiro do bolso.

Moramos no país que mais cobra tributos dos cidadãos. E qual é o resultado disso, junto à população e à mídia, numa semana como esta em que alguns impostos foram aumentados sem qualquer justificativa pelo governo? Nenhum!

Moramos num dos países em que os crimes de "colarinho branco" mais ficam impunes. E qual é o resultado disso numa semana em que se constatou que milhões de dólares foram desviados em favor de ONGs desconhecidas e em que projetos de lei que endureciam as penas para estes crimes foram, simplesmente, arquivados pela Câmara dos Deputados? Nenhum!

Os noticiários (porque querem e vivem audiência, independentemente da notícia veiculada) nada disseram a esse respeito. Por outro lado, as notícias de mais um crime bárbaro (nesse caso, o cometido contra uma criança indefesa) não param de pulular.

O que seria preciso, então, para que as pessoas prestassem mais atenção na política e em nossos governantes?

Será necessário sejam suprimidos todos os seus direitos, todo o seu dinheiro, para que passem a gastar mais fosfato nisso do que com desgraças alheias que, no fim das contas, em nada lhes importam?

Em razão disso, para medir a temperatura deste termômetro, lançamos a campanha: NARDONI PARA PRESIDENTE!

Isso pode, num primeiro momento, soar absurdo. Mas lembramos: casos como o da pequena Isabella (a criança assassinada) acontecem às centenas. Dados do Ministério da Saúde, por exemplo, mostram que de dez em dez horas pelo menos uma criança está sendo morta. As informações catalogadas pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) nos mostram que 5.049 assassinatos vitimaram crianças, de ambos os sexos, em apenas seis anos.

Tenho visto, além das horas e horas seguidas em noticiários, várias manifestações públicas por conta de mais este crime.

Entretanto, não vi sequer um grupo, uma pessoa sequer, manifestar-se sobre o dinheiro que lhes foi literalmente roubado através dos desvios para as ONGs, por exemplo. Não vi sequer uma única faixa estendida, um único cartaz colocado na frente da Câmara dos Deputados para protestar sobre o literal enterro dos projetos de lei que criminalizavam atitudes típicas de "colarinho branco".

Ou está sobrando dinheiro para o povo, ou então o caos está próximo...

Ou, no fim das contas, devemos eleger NARDONI PARA PRESIDENTE?!?

A enquete está posta (lado direito da página). Responda: O que faz com que a população preste mais atenção em problemas alheios do que no cotidiano de nossos governantes, que cuidam de nosso dinheiro, nossa segurança, nossa educação, transporte, etc.? Falta de educação, falta do que fazer, falta de vergonha na cara...

É como pretendemos provocar; e é o que pretendemos descobrir!

Debate de 1989 - Link do Vídeo

O resumo de um debate de 1989 foi algo muito comentado pelos leitores do Simplificando Política que participaram da enquete sobre as eleições presidenciais daquele ano. Em razão disso, resolvemos deixar o link (clique aqui) para que seja sempre visto e lembrado.

Boas risadas a todos!

Curiosidades e Resultado Oficial das Eleições Presidenciais de 1989: É triste acordar...

As eleições do Simplificando Política elegeram Covas para Presidente (veja post abaixo). Entretanto, a realidade é um pouco mais cruel (diria eu: até mais chata) do que os sonhos dos nossos leitores.

É que as eleições de 1989 foram vencidas por um então jovem mancebo, do qual muito poucos sabiam algo em profundidade.

Olhe aí o resultado oficial da eleição para presidente da República:

PRIMEIRO TURNO:

1º lugar - Fernando Collor de Mello (PRN / PSC) - 20.607.936 votos

2º lugar - Luiz Inácio Lula da Silva (PT / PSB / PC do B) - 11.619.816 votos

3º lugar - Leonel de Moura Brizola (PDT) - 11.166.016 votos

4º lugar - Mário Covas Junior (PSDB) - 7.786.939 votos

5º lugar - Paulo Salim Maluf (PDS) - 5.986.012 votos

6º lugar - Guilherme Afif Domingos (PL /PDC) - 3.271.986 votos

7º lugar - Ulysses Guimarães (PMDB) - 3.204.853 votos

9º lugar - Roberto Freire (PCB) - 768.803 votos

10º lugar - Aureliano Chaves (PFL) - 600.730 votos

11º lugar - Ronaldo Caiado (PSD) - 488.872 votos

12º lugar - Affonso Camargo (PTB) - 379.262 votos

13º lugar - Enéas Carneiro (Prona) - 360.574 votos

14º lugar - José Alcides Marronzinho de Oliveira (PSP) - 238.379 votos

15º lugar - Paulo Gontijo (PP) - 198.708 votos

16º lugar - Zamir José Teixeira (PCN) - 187.160 votos

17º lugar - Lívia Maria (PN) - 179.896 votos

18º lugar - Eudes Mattar (PLP) - 162.336 votos

19º lugar - Fernando Gabeira (PV) - 125.785 votos

20º lugar - Celso Brant (PMN) - 109.894 votos

21º lugar - Antônio Pedreira (PPB) - 86.100 votos 22º lugar - Manuel Horta (PDC do B) - 83.280 votos

SEGUNDO TURNO:

1º lugar - Fernando Collor de Mello (PRN / PSC) - 35.089.998 votos

2º lugar - Luiz Inácio Lula da Silva (PT / PSB / PC do B) - 31.076.364 votos

É... 1989 definitivamente entrou para a história, por diversos aspectos. Algumas coisas, aliás, tornaram-se inesquecíveis na memória de milhões de brasileiros: algumas pela polêmica envolvida, outras pela boa estratégia de marketing e comunicação política, outras, ainda, por beirarem ao ridículo.

Então, para mudar de assunto, para darmos boas risadas e para não cairmos novamente em alguns dos verdadeiros golpes - no sentido de manobra desonesta, claro - que aplicaram nos brasileiros, lembremos de algumas curiosidades daquela eleição:

1) Às vésperas da eleição a Rede Globo promoveu um debate final entre Collor e Lula e, no dia seguinte, levou ao ar uma versão editada do programa em sua exibição no Jornal Nacional: Vários analistas sustentaram que a edição foi favorável a Collor e que teria influenciado o eleitorado (fato este, aliás, admitido mais tarde por várias pessoas ligadas à Globo, conforme se mostra no documentário "Muito além do Cidadão Kane", já recomendado (clique aqui) pelo Simplificando Política);

2) O programa de Lula abria com a vinheta da “Rede Povo” e contagiou gerações com o jingle “Lula lá, brilha uma estrela”;

3) Leonel Brizola imortalizou seu inesquecível “lá lá lá lá lá, Brizoooola” e prometia rever a concessão da TV Globo;

4) Guilherme Afif Domingos também ficou conhecido por seu bom slogan: “dois patinhos na lagoa, vote Afif 22”;

5) O saudoso Enéas Carneiro, em sua primeira aparição ao mundo tinha de fazer sua campanha aos berros, tudo em menos de trinta segundos;

6) Havia, ainda o Marronzinho, que aparecia amordaçado com um locutor, ao fundo, avisando: "Cuidado, ele vai falar!" E quando falou... Disse que iria "obrigar" a Petrobras a usar seu equipamento para procurar água no Nordeste. Cada uma... Seu lema era: "Pobre vota em pobre";

7) Havia também o Antônio Pedreira, outro muito engraçado: Xingava Collor, Lula, Brizola... E quase não tinha programa, de tanto direito de resposta que aparecia;

8) Silvio Santos (sim, o próprio!) também tentou, mas teve sua candidatura cassada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). E, de forma curiosa, em seu programa eleitoral, ensinava (veja o vídeo, é muito engraçado!): "quem confia no Sílvio Santos, quem quer dar o seu voto para Sílvio Santos, deve marcar o 26. Então, 26, "Corrêa". Só que não é "Corrêa". "Corrêa" é o Silvio Santos!";

Enfim... Episódios que certamente não veremos mais.

Mas, para mim, ainda fica a pergunta: Devemos torcer para que nunca mais nada daquilo aconteça; ou seria melhor que tudo voltasse, em dobro? Esta, sim, é uma "dúvida cruel"...

Fim das Eleições: Mário Covas (PSDB) na cabeça!

A última enquete realizada pelo Simplificando Política simulou as eleições presidenciais de 1.989. Exibido o vídeo com trechos de um bem-humorado debate, nossos ilustres visitantes puderam votar naqueles então candidatos, dos quais, muitos, ainda continuam presentes na cena política nacional.

Puderam ver Covas chamando a Maluf de cínico; Brizola dizendo que havia "puxa-sacos" do Sr. Sílvio Santos entre os presentes; Lula dizendo que Maluf era competente porque "competia, competia, mas nunca ganhava"; Caiado dizendo que a campanha do PT "achaca" comerciantes em São Paulo para arrecadar dinheiro (e Lula respondendo que a de Caiado fora "impugnada pelo povo"); Brizola, quase como um profeta, dizendo que "desconfiava muito do PT como partido de natureza social, como movimento de natureza social" e que achava o "PT uma frente, onde uma das partes, integrante da frente, é maior do que a própria frente"; dentre tantas outras saborosas e até engraçadas passagens...

Bons tempos aqueles, nos quais marketeiros não eram tão presentes quanto hoje: tanto nas campanhas, quanto nos próprios governos.

Além disso, aquele pleito, que foi vencido por Collor (com uma mãozinha da Rede Globo de Televisão), era especial: havia 20 (vinte) anos que no Brasil não se realizavam eleições, que aconteceram em 1989 apenas após o movimento "Diretas Já" e o fim do regime militar.

Vejamos, então, o resultado de nossas eleições:

Mário Covas (PSDB) - 52% dos votos

Lula (PT) - 32 % dos votos

Brizola (PDT) - 15% dos votos

Ulisses Guimarães - 15% dos votos

Paulo Maluf (PDS) - 8% dos votos

Enéas Carneiro (PRONA) - 8% dos votos

Afif (PL) - 4% dos votos

Roberto Freire (PCB) - 4% dos votos

Como vimos, fossem as eleições decididas, em 1989, pelos leitores do Simplificando Política, o resultado seria outro; Aliás, não seria apenas outro, seria melhor, muito, muito melhor...

sábado, 19 de janeiro de 2008

Para Refletir: Maiakovski, Brecht e Niemöller. Três textos sobre nossa atual ACOMODAÇÃO POLÍTICA

"Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.
"

Vladimir Vladimirovich Maiakovski (1893/1930). Poeta Russo. Ingressou aos 15 anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo. Foi preso e apoiou a Revolução de Outubro (Bolchevique ou Vermelha), que, liderada por Lenin, se tornou a primeira revolução comunista marxista do Século XX. Influenciou profundamente o futuro da poesia em seu país e no mundo. Suicidou-se com um tiro em 1930.
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"Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso

Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável.

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei.

Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo."

Eugen Berthold Friedrich Brecht (Bertolt Brecht era um nome artístico) (1898/1956). Médico, dramaturgo e poeta alemão. Revolucionou o teatro com peças que visavam estimular o senso crítico e a consciência política do espectador. A crítica social e política contida em suas obras, sua ironia e seu humor cínico causaram escândalo na República de Weimar alemã. Com a ascensão ao poder dos nazistas, iniciou-se uma longa odisséia para Brecht, que, no final, o conduziu à Califórnia, onde permaneceu até o final da guerra. Autor de várias obras, foi uma das principais vozes que se ergueram contra o nazismo. Morreu em decorrência de um infarto.
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"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.

Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.

Como não sou comunista, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.

Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram;

já não havia mais ninguém para reclamar..."

Martin Niemöller (1892/1984). Teólogo e Pastor Alemão. Foi um dos símbolos maiores da resistência ao regime nazista. Em movimentos iniciados na igreja, foi acusado de "abusar do púlpito" e de fazer "declarações contra o Estado". Em razão disso foi perseguido, processado e preso, tendo sido enviado por Hitler para vários campos de concentração como seu "prisioneiro pessoal".

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

As Energias, Minas, São Paulo...

Às vezes o sotaque marqueteiro do presidente Lula, comum ao PT, é de destruir a paciência. Na segunda-feira, ele disse: “A questão energética vive de boatos. Todo dia tem boato de que vai acontecer isso, vai acontecer aquilo. O dado concreto é que o Brasil está seguro de que não haverá apagão e de que não faltará energia para dar sustentabilidade ao crescimento que nós queremos ter no Brasil”.

Ontem, o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica (Abiape), Mário Luiz Menel, desmentiu o presidente. Para ele, na prática já estamos operando em ritmo de apagão, pois no mercado spot (ao qual se recorre na hora do aperto) o megawatt-hora está custando R$ 569,59, mais de cinco vezes o valor de três meses atrás.

A esse preço, daqui a pouco será proibitivo fabricar um produto que utilize muita energia, como o alumínio, por exemplo. Quer dizer: falta o apagão chegar no consumidor final, coisa que já está prometida no anúncio de aumento da tarifa. Então, como é que Lula, que nada entende do assunto (de qual entenderá?), xinga os técnicos da área dizendo que ela vive de boato. Ele é que é desinformado. Numa hora dessas, ele deveria perceber que é obviamente o pior momento para se trocar o ministro. O novo levará no mínimo um mês para fazer um diagnóstico e não há tempo para isso.

E pior que isso é o nome cogitado, o do senador Edson Lobão (PMDB-MA). Ele nada entende de energia. Claro que ministro é um cargo político. General também, mas aprender a atirar depois de começada a guerra é um pouco demais.

Escolhido, a tendência de Lobão será trocar o secretário executivo, Nelson Hubner (ministro interino há oito meses). Se fizer isso, será um desastre, pois esse, sim, é um dos poucos que sobraram que entendem do assunto; se não fizer, corre o risco de jamais tomar posse de fato, pois comerá sempre na mão de Hubner.

Num ano eleitoral, para quê o PMDB quer um ministério-mico às vésperas do racionamento explodir no colo de Lula, salvo uma tormenta daquelas no resto do trimestre? Tá legal que eles já puseram a culpa na Dilma, mas é a cara de Lobão que vai sair na foto.

Para quê pôr um ministro com vida pessoal embrulhada no lugar de outro, de vida pessoal também embrulhada, que justamente por isso foi afastado do cargo há quase um ano?

Isso, para mim, está mais parecendo uma negociação para a próxima eleição municipal na Capital de São Paulo, a fim de favorecer o apoio do PMDB à candidatura da ex-prefeita Marta Suplicy. É que, além do próprio ministro, o próximo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia provavelmente será Miguel Colassuono, que foi Prefeito de São Paulo de 1973 a 1975. Ele vem apoiado pelo Deputado Michel Temmer e por Orestes Quércia (Presidente do PMDB/SP).

É encrenca em excesso até para um governo que vive envolvido em acusações de corrupção. Mas se Lula só sabe trabalhar assim, paciência.

Adaptação do Texto de José Negreiros, Jornalista.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Palavras, palavras, palavras...

Como tudo nessa vida tem um ônus e um bônus, ao menos a medida anunciada pelo Governo, a respeito do aumento da carga tributária, nos faz lembrar daquela bela canção "Palavras ao Vento", da breve, porém intensa, Cássia Eller.

Mas, além desta agradável lembrança, nada mais há de positivo para se tirar de mais esta verdadeira traição. Como já declarou o Deputado Onyx Lorenzoni (PSDB-RS), "mais uma vez o presidente Lula mentiu. Ele não preza pela própria palavra".

E nós, pobres administrados, os verdadeiros membros do povão, nada podemos fazer.

Aliás, se fazer algo já é difícil, que diriam então os que tentam entender a lógica deste Governo? A propósito disso, pensei aqui num pequeno resumo dessa história toda:

1) O Governo quer aprovar continuação da cobrança da CPMF;

2) Para isso, argumenta que a verba é necessária para os projetos sociais;

3) Depois, mudando de discurso quando faltavam 15 minutos para se iniciar a votação, diz que os projetos sociais têm verba garantida;

4) Com isso, diz que a arrecadação da CPMF vai para a saúde;

5) Ninguém entende a mudança tão brusca que, ao final, além de denotar extrema falta de planejamento, enterra de vez qualquer chance de se crer na palavra do Presidente;

6) E a CPMF cai;

7) No pronunciamento de final de ano, em rede nacional, o Governo coloca a culpa pelo não avanço da saúde na oposição, por não terem aprovado a CPMF;

8) O povo fica sem entender quais "avanços" seriam estes, já que nenhum novo projeto foi implementado nessa área até 2007;

9) Mesmo assim alguns poucos ainda acreditam que, muito embora sem nada ter sido feito de substancial na saúde em 5 anos, em 2008 haveria avanços;

10) O governo e diz que haverá aumento de impostos para "repor" a "perda" da CPMF;

11) Então, se a CPMF era para a saúde, o dinheiro todo arrecadado com esse aumento de impostos vai para a saúde, correto?

12) ERRADO!!! Segundo o governo, não haverá novos investimentos na saúde!!!

É, de fato, triste.

Uma coisa é apostar na "curta memória política" do brasileiro. Outra coisa é achar que em menos de um mês todos se esqueceriam de tudo o que se passou e que foi dito, pelo próprio Presidente, inclusive em rede nacional de rádio e TV!!!

O que temos a fazer, então, é apenas não mais nos importarmos com isso. Quando virmos nosso Ilustre Presidente falando na TV, basta abaixarmos o volume que o resultado será o mesmo.

Ele é carismático; Ótimo. Então só o admiremos fisicamente, enquanto ele lê seus pronunciamentos. Afinal, o que ele fala, escreve, promete, etc., etc., não vale nada, absolutamente NADA!

O pior de tudo, caros leitores, é que nosso Presidente não se cansa de nos provar isto. Então, para o nosso próprio bem, não mais o escutemos. Assim, nada terá sido a nós prometido, de maneira que nada haverá para ser traído.

Para terminar, apenas uma lembrança que agora me ocorre: Não sou religioso como nosso Presidente diz ser. Mas há no mercado um livrinho bobo, quase desconhecido, que busquei ler para dele extrair algo de bom: A Bíblia.

E nele há, em Eclesiastes, passagem que alguns aprendem na igreja, outros na vida: "O homem é dono da palavra guardada e escravo da anunciada".

Talvez Lula não tenha vivido o suficiente para aprender esta lição. Ou, então, talvez tenha mentido mais uma vez quando disse que ia à igreja.

Nota do Senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) sobre o aumento da carga tributária

"O "pacote" anunciado pelo governo Lula fere frontalmente o acordo que havia sido formulado com as oposições no Senado, para, entre outras coisas, aprovar a DRU. A hora é de corte de gastos e o governo prefere o confronto. Teria o nosso respeito, na primeira hipótese. Terá nossa luta, na opção que fez.

O compromisso que havia sido firmado conosco garantia que não seria editado nenhum pacote tributário e nem haveria substituição da CPMF por algo que mexesse apenas no nome desse tributo. Também foi prometido aguardar até fevereiro para discutir a intensidade e qualidade dos cortes orçamentários, uma vez que nossa determinação é de salvaguardar os investimentos infra-estruturantes e sociais.

A decisão de descumprir o acordo feito conosco não surpreende e nem decepciona. Infelizmente, o PSDB já sabia que ia ser assim. O governo desmoralizou o ministro José Múcio, desgastou as lideranças no Senado, terá sérios percalços na discussão da peça orçamentária deste ano e agiu no melhor estilo populista latino-americano.

O PSDB não negociará mais com esse governo. Vamos nos confrontar nos episódios dos três anos seguintes e duas coisas precisam ser registradas:

1)O governo é perdulário e não quer discutir redução de gastos, optando pela saída fácil do aumento de impostos, desnecessário na bonança que estamos vivendo;

2)Se o problema é a saúde, por que o governo não destina os recursos do aumento de recursos para a saúde? Alcança-se o mentiroso mais facilmente que o coxo;

Alguns cálculos simples:

Os R$ 42 bilhões "perdidos", da arrecadação presumível da CPMF, vezes 35% de carga tributária é igual a R$ 14,7 bilhões, o que corresponde ao que o dinheiro na mão dos particulares endossará, sob a forma de outros impostos, os cofres públicos;

Deixando de pagar os cheques de rolagem da dívida de CPMF, o governo se beneficiará de outros R$ 10 bilhões;

Um crescimento modesto de 4%, em 2008, repõe outros R$ 12 bilhões;

O total é de R$ 37 bilhões. Os R$ 5 bilhões restantes são muito facilmente remanejáveis, extinguindo alguns dos ministérios da máquina inchada, não contratando 60 mil cabos eleitorais, como prevê o orçamento do ano que vem, demitindo parte dos "companheiros" nomeados para cargos comissionados. Nossa premissa sempre foi salvaguardar infra-estrutura e programas sociais. O dinheiro resultante do aumento da carga tributária anunciada hoje (02/01/) não vai para a saúde - e o problema da saúde, como tem sido dito com todas as letras pelo PSDB, é desvio de recursos somado ao desperdício.

Ou o governo não está preocupado com a saúde ou mente, desde o começo."

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Bilhão!!! Bilhão!!! Hoje em dia só se fala no tal do BILHÃO...

Realmente... Hoje só se fala em Bilhão!!!

Bilhão!!! Bilhão!!!

Clique aqui e ouça um bom e bem-humorado comentário de Arnaldo Jabor sobre o poder do BILHÃO!!!

O que é, o que é: "Entrar em Obstrução"

Na postagem anterior mencionei o termo "obstrução", mas você sabe o que significa "Entrar em Obstrução"?

Quem já acompanhou discussões na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, nas Assembléias Legislativas, etc. certamente já ouviu esta conhecida expressão.

Mas, afinal, o que ela significa?

"Entrar em obstrução" ou "fazer obstrução", na linguagem parlamentar, significa se ausentar do plenário, para impedir a formação do quórum necessário para que as votações prossigam.

Assim, é comum que líderes, no momento das orientações de suas bancadas, pretendendo adiar ou postergar a votação que está para se iniciar, mediante esta manobra regimental (já que a obstrução é prevista pela maioria dos regimentos internos das casas), declare que o Partido "X" ou o Bloco "Y", "entra em obstrução", a fim de que a votação não se inicie ou não continue, por não estar presente o número mínimo de parlamentares necessário para aprovar determinada matéria.

A obstrução, todavia, deve ser comunicada, obrigatoriamente, à mesa condutora dos trabalhos pela Liderança (do partido ou do bloco), sob pena de os não votantes serem considerados ausentes da sessão, o que pode lhes prejudicar inclusive a remuneração.

Errar é humano... Insistir no erro, entretanto...

Está marcada para hoje a votação, em segundo turno, no Senado, da continuidade da DRU.

A DRU é a abreviação de "Desvinculação das Receitas da União", que permite que o Governo Federal possa mexer em 20% do orçamento, o que atualmente equivale a R$ 90.000.000.000,00 (noventa bilhões de reais). O efeito prático disso é que o governo pode, então, flexibilizar esse percentual, destinando estes recursos a áreas diferentes daquelas para as quais os valores estavam "vinculados" através da Constituição Federal (que determina que um determinado percentual vá para a saúde, outro para a educação, etc.).

Em outras palavras: Tendo em vista que o orçamento é muito "engessado" para os administradores brasileiros, eles precisam da DRU para gastar o dinheiro de forma diferente daquela determinada pela constituição.

Por outro lado, a DRU só vale se for aprovada como uma Emenda Constitucional, que é o instrumento jurídico próprio para alterar a Constituição. E a votação desta Emenda deve ser realizada em dois turnos, como aconteceu na CPMF. O primeiro turno da votação da DRU, aliás, aconteceu juntamente com a CPMF.

E o segundo turno é hoje! E, como na CPMF, o governo terá de contar com votos da oposição para a provar a DRU.

Mas, infelizmente (ou seria felizmente?) o governo parece que não aprendeu... Ao invés de conversar, apresentar propostas, etc., o nosso Presidente e seus representantes mais próximos só estão batendo na oposição, utilizando-se dos mesmos baixos argumentos (sobre a CPMF ter sido usada para medir forças; sobre o fim da CPMF interessar apenas aos sonegadores, etc.) perante a mídia, como se tentassem se justificar e culpar a oposição por um possível aumento de impostos. Parecem não entender que “águas passadas não movem moinhos”...

Ou seja: Ou o governo não precisa deste dinheiro, ou realmente tem alguma dificuldade de entender que eles não são a última bolacha do pacote.

Quanto aos líderes do governo no Senado, a única coisa que se pode dizer é que são, verdadeiramente, coitados... Destaco, por uma questão de transparência, que há boas lideranças no PT naquela casa. Mas só fazem promessas, já que Lula, Mantega, Dilma e todo o resto da tropa de elite não lhes dão a mínima perspectiva, margem ou subsídios para negociarem.

E a oposição, como sabido e ressabido, não acredita mais nas palavras do governo, já que sempre quebram os acordos firmados. Agora, pra valer, tem que ser, literalmente, "preto no branco": ou apresentam uma proposta concreta sobre o pacote de medidas que estão a propalar que será enviado ao Senado, ou até a DRU correrá o risco de não passar.

Nos resta apenas esperar. A base do governo pode, também, entrar em obstrução, para tentar adiar esta discussão... Aliás, na mesma linha do que parece estar fazendo o PNIG (Partido dos Neurônios dos Integrantes do Governo).

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

E a CPMF?!? Mais uma vez o amador governo Lula descumpriu sua própria palavra... Aliás, que palavra?!?

A sessão do dia 12/12/07 (que só terminou no dia seguinte, 13/12) foi mais uma daquelas que entraram para a história.

Com argumentos diferentes, membros o bloco da oposição e da situação lançaram mão dos mais inflamados discursos. E, no fim do dia (ou melhor, no começo do dia 13), restou rejeitada o PEC (Projeto de Emenda Constitucional) que prorrogava a CPMF.

Foi um trabalho digno de aplausos, especialmente do PSDB e dos DEMOCRATAS, que, com argumentos sérios e coerentes chegaram a convencer, inclusive, membros da oposição (que só não votaram contra o Governo pois no PT não há liberdade... Aliás, ao meu modesto ver, a liberdade PeTista só pode ser exercida numa direção: A favor de Lula. Se, por outro lado, se quiser exercer a liberdade em seu desfavor, acaba-se como Heloísa Helena, Chico Alencar, Luciana Genro, etc, etc.: Expulsos). Mas isso é outra história, que conto outro dia...

Pois bem: Que a CPMF não era mais necessária, isso era certo. Mas, dentre todos os argumentos, um dos mais sérios foi revelado por Tasso Jereissati (PSDB-CE). É que, em todo e qualquer relacionamento humano, a palavra vale muito. Isso vale para desde um namorico adolescente, indo até os acordos políticos. E, em um acordo político-partidário, talvez a palavra valha mais ainda, dado que em política o fator tradição também é muito forte, presente e respeitado.

E, como já era de se esperar, o governo quebrou um acordo... E qual era esse acordo? Digo eu: Em 2003 o governo enviou ao congresso nacional um projeto de Reforma Tributária e também um de prorrogação da CPMF. O momento era de crise fiscal, em que não se apontava para solução de curto prazo. O crescimento do país e o crescimento externo eram medíocres e as perspectivas de se resolver a questão fiscal simplesmente não existiam...

Foi nessa esteira que o PSDB e o DEM (então PFL) fizeram com o governo um acordo com o governo e, com vistas ao bem do país e da população, sensíveis aos problemas que viriam à tona caso aquilo não fosse feito, aprovaram o aumento de carga tributária e também prorrogaram a CPMF. Aquilo, pelo menos para mim, foi, inclusive, uma lição à oposição burra que sempre fez o PT (de negar apenas para contrariar). Eles, com aquele ato, demonstraram que a oposição devia ser dura, mas também racional; E que, se fosse necessário, deveriam que convergir.

Foi, então, exatamente neste momento que o governo, através de sua liderança no Senado (à época com Mercadante (PT-SP)) e do então ministro da fazenda, concordando que a CPMF era um imposto que fazia mal à economia brasileira, se comprometeu a, ao longo do tempo, reduzi-la gradualmente, à medida em que determinados parâmetros fossem alcançados (relação dívida/PIB positiva na evolução, por exemplo). E isso ocorreria até ser atingido o percentual de 0,08%, quando então seria a CPMF algo de função meramente fiscalizatória.

E, como disse antes, isso foi feito mediante um acordo; E este era o acordo. E o acordo não foi cumprido pelo governo Lula. Todos os parâmetros para que o gatilho de diminuição da CPMF fosse acionado ocorreram, mas o governo não moveu uma palha... Afinal, nessa época, o bolsa-voto já comia solto...

Mas o acordo foi ignorado... Desrespeitou-se tudo! E, no último dia 12, queriam, sem mais nem menos, simplesmente empurrar novamente esse encargo pra cima da população...

E o governo não tinha do que reclamar: Foi ele quem, em 2003, montou o esquema; Foi ele quem realizou o planejamento... Para se ter uma idéia, a arrecadação da época, com CPMF, era proporcional à de hoje, sem CPMF. E planejou com um simples motivo: o de dizer (ou melhor: de mentir) que se aqueles parâmetros fossem alcançados, não precisaria da CPMF.

Hoje, como previsto, há reservas de superávit financeiro do governo na ordem de mais de R$ 200.000.000.000,00 (duzentos bilhões de reais). Aliás, através da LDO de 2008 o próprio governo previu que, com a liberação da DRU (que acabou sendo votada na mesma noite) R$ 36.000.000.000,00 (trinta e seis bilhões de reais) estariam disponíveis para serem aplicados nos projetos sociais.

Em resumo: Quando a CPMF era necessária, a oposição se uniu ao governo e fez um acordo. E hoje, quando não é mais preciso retirar mais esse dinheiro do bolso do povo, o governo simplesmente passa por cima de suas próprias palavras, dizendo que "os projetos sociais acabariam"...

E outras tantas coisas interessantes, curiosas e absurdas aconteceram nesta sessão: Mas a mais intrigante, aquela que carimbou com o selo da ignorância política o atual governo, aconteceu lá pelas 23h00 (sim, 11 da noite!)...

Depois de muita discussão; depois de o governo ignorar a bancada da oposição na câmara; depois de negar sentar-se para negociar condições mais benéficas para a população; depois de dizer que os projetos sociais acabariam sem a CPMF; depois de tentar comprar votos com cargos vagos... Eis que aparece, nas mãos de Romero Jucá (PMDB), uma carta assinada pelo Presidente Lula, "comprometendo-se a passar toda a arrecadação da CPMF diretamente para a saúde"...

Essa foi a gota d´água... Os pingos nos "is" da IgnorâncIa...

Daí perguntou-se:

O governo não tem planejamento? Porque mandou só agora esta carta? O que ela quer exatamente dizer? Aliás, o dinheiro não era para os projetos sociais? E agora vão para a saúde? Mas então há dinheiro para os projetos sociais, conforme já adiantava Tasso?

E o pior: os termos da carta eram capciosos: nada estava claro... tudo escrito em termos que permitiam cinco ou seis interpretações diferentes...

E foi aí que o cenário definiu-se. Tentou o governo, ainda, usar o Senador Pedro Simon (PMDB-RS) para defender a tese de que "ainda era necessário conversar"... Essa intervenção deste ilustre e insubstituível senador rendeu, ainda, uma boa briga entre ele e o Senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder da oposição. Ouviu-se elogios do calibre de "político de calça-curta" para baixo...

No fim, o próprio Simon percebeu seu equívoco, inclusive advertido por Heráclito Fortes (DEM-PI)...

Mas já era tarde... A prorrogação da CPMF não foi aprovada e, de quebra, o governo Lula teve de entender que a democracia séria demanda mais que churrascos aos finais de semana.

Mas, para mim, ainda ficou no ar uma coisa: O Presidente Lula, em rede nacional, apelou para dizer que "quem era contra a CPMF era a favor da sonegação e contra os pobres".

Então quando o PT era contra a CPMF, o Lula era "a favor dos sonegadores e contra os pobres"? Essa também ficou sem resposta pra mim...

Talvez eu seja um ignorante face à lógica complexa do nosso ilustre Presidente Lula... E, em determinados momentos, meus amigos, a ignorância é uma bênção...

Aliás, o Simplificando Política tem todo o áudio desta inesquecível sessão. A parte mais interessante (da fala do Senador Romero Jucá para frente) tem cerca de 60 Megabytes. Como é relativamente pesado, não carregamos no Blog. Mas basta pedir por e-mail que enviaremos com satisfação.

Dica de Vídeo: Documentário: Muito Além do Cidadão Kane

Cidadão Kane é, resumidamente, um filme de Orson Welles, que conta a história do personagem Charles Foster Kane, um menino pobre que acaba se tornando um dos homens mais ricos do mundo.

O Documentário que sugerimos ser conhecido, chamado Muito Além do Cidadão Kane, trata das relações sombrias entre a Rede Globo de Televisão com o cenário político brasileiro. O próprio filme, realizado por Simon Hartog para o canal 4 da BBC de Londres, teve sua execução proibida no Brasil desde a estréia, em 1993, por decisão judicial. À época, a Rede Globo tentou vetar a circulação da fita em outros países, mas não conseguiu. E foi esse fracasso que permitiu que uma minoria seleta da população brasileira conseguisse ver o que o resto do país não viu: a face da mídia do Brasil que não vira atração de TV.

Atualmente existem poucas cópias em circulação no país, mas foi amplamente visto graças à popularização da internet (pode ser visto, por exemplo, no Youtube)

Ao longo de quase duas horas, são mostrados com uma narração criticamente irônica, fragmentos de uma história de manipulação de resultados (como os cortes efetuados na edição do último debate entre Luiz Inácio da Silva e Fernando Collor de Mello, que influenciaram a eleição de 1989); de censura a artistas (como Chico Buarque que por muitos anos foi proibido de ter seu nome divulgado na emissora); de criação de mitos culturalmente questionáveis (como é o caso de Xuxa) e de veiculação de notícias frívolas e tolices em programas de auditório.

Os depoimentos de Leonel Brizola, Chico Buarque, Washington Olivetto, Fausto Neto, entre outros jornalistas, historiadores e estudiosos da sociedade brasileira se intercalam com as imagens dos acordos firmados por Marinho com representantes do alto escalão da política nacional, com trechos dos programas da emissora na época e com a situação de miserabilidade do Brasil.

Em resumo, o documentário é dividido em quatro partes:

Na primeira parte do filme é mostrada a relação entre a Rede Globo de Televisão e o regime militar (1964-1985).

A segunda parte apresenta o acordo firmado entre a Rede Globo e o Grupo Time-Life (empresa estadunidense de comunicação).

Na terceira parte, é mostrado um pouco do poder do proprietário da Rede Globo, o então vivo Roberto Marinho. Por outro lado, mostra também, o "apoio" da Rede Globo à redemocratização do país, na figura do candidato à presidência da República Tancredo Neves.

Na quarta parte, talvez a mais importante e reveladora do filme, mostram-se os envolvimentos e os "mecanismos manipulativos" utilizados pelas Organizações Globo em suas parcerias com o poder em Brasília (os produtores do filme arrolam supostas fraudes em eleições, supostos assassinatos encomendados, etc.).

Infelizmente, a mim parece que não é uma coincidência o fato de que, na última pesquisa da organização Repórteres Sem Fronteiras, o Brasil ficou 84º lugar (de 169) no ranking das nações com maior liberdade de imprensa.

Vale a pena ver. Ao menos para se ver a Globo sob outra perspectiva. Censurá-la ou defendê-la, depois, é com você!

E o Renan... Hein?!?

(Clique na imagem para vê-la em seu tamanho original)

Ainda sobre 89... Curiosidades.

Se tivéssemos que definir, em uma única palavra, tudo o que ocorreu em 1989, provavelmente escolheríamos o adjetivo "curioso".

O final da campanha se aproximava... Era segundo turno: Collor e Lula disputavam e as pesquisas mostravam o crescimento da candidatura de Lula, o que fez com que Collor se sentisse ameaçado. Aí, por assim dizer, "o caldo engrossou"...

Com este pano de fundo, então, Collor levou Mirian Cordeiro, ex-namorada do petista, à TV. Ela, então, acusou Lula de pressioná-la a fazer aborto quando engravidou de Lurian, na década de 70. No dia seguinte, Lula apareceu chorando no horário eleitoral, abraçado à filha em questão.

E, depois disso, veio o último debate na TV. Visivelmente incomodado, Lula saiu-se mal. Aliás, sobre este debate, há também uma curiosidade: Muitos criticaram (e ainda criticam) a Rede Globo, que promoveu o programa, por ter editado o debate e suas passagens. Estranhamente, o tempo de Collor foi maior que o de Lula; Também estranhamente, das imagens de Collor mostraram apenas as mais tranqüilas, equilibradas, etc.; Por outro lado, Lula era mostrado nervoso, todo suado, etc. E essa foi a imagem que milhões de eleitores tinham na memória quando foram votar.

Estas críticas, aliás, são relatadas no documentário produzido pela BBC de Londres chamado "Beyond Citizen Kane", que no Brasil levou o nome "Muito Além do Cidadão Kane" (veja dica de vídeo acima).

Em 1989 houve ainda o triste fracasso de Ulysses Guimarães (PMDB). Também vimos a ascensão e queda, em menos de um mês, de Guilherme Afif Domingos (PL), que recentemente foi candidato ao Senado por São Paulo. Também vimos as maluquices de Ronaldo Caiado (hoje Deputado Federal), líder da UDR, montado num cavalo branco, com complexo de Napoleão Bonaparte. O bordão “Meu nome é Enéas!”, do saudoso Professor Enéas Carneiro, incompreendido candidato do Prona, fez o país rir e durante muito tempo continuou no ar. Os candidatos nanicos (Marronzinho (foto), PG, Pedreira, Nívea) que são lembrados até hoje por humoristas, também estiveram presentes nessa eleição que, sem dúvidas, está escrita numa das primeiras páginas da história da recente democracia (democracia?) de nosso país.

Nova Enquete! Vote!!!

Já está no ar a nova enquete do Simplificando Política!

É sobre a eleição presidencial ocorrida em 1989.

A pergunta é: Se as eleições fossem hoje, em quem você votaria? Assista ao vídeo e responda!

Esta pergunta pode parecer fora de propósito... Mas não é! Ela chega a ser atual!

Isso porque a eleição presidencial de 1989 foi única. Dificilmente haverá outra igual. É que, assim como há a emoção do primeiro amor, da primeira frustração, etc., também uma geração inteira experimentou a emoção do primeiro voto. Estas eleições foram realizadas depois de 29 anos sem votação direta para presidente; Ela foi resultado da "famosa" campanha das "DIRETAS JÁ".

Também nesta eleição ficou marcado, definitivamente, o papel da TV e dos publicitários nas campanhas eleitorais... O importante não era mais o comício, o boca-a-boca, mas os programas da Televisão... Uma passagem interessante ocorreu quando Lula (PT) mostrou em seu programa Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil pedindo votos... No outro dia, Collor, em respondendo à provocação, mostrou pedreiros, operários, garis, etc. e pôs todos a cantar...

À época, aliás, Fernando Collor (que era candidato pelo PRN e que venceu as eleições) ganhou terreno propalando que iria acabar com os marajás... Ele era, como diziam muitos, o "candidato dos descamisados"... Também foram candidatos Lula, Brizola, Afif, etc... Mas eles não eram o que são hoje. Principalmente Lula, que ainda era visto como alguém de "esquerda".

No vídeo que disponibilizamos, que mostra trechos de um debate da época, há ainda um fato interessante: É uma fala do saudoso Brizola (então candidato do PDT), que, quase que prevendo o futuro, disse: "eu vejo o como PT uma frente... onde uma das partes, integrante da frente, é maior do que a própria frente... Ou o PT substitui este candidato hoje ou amanhã, ou vai perder a credibilidade nacional...". Estivesse Brizola vivo e certamente enfartaria ao perceber que estava a preludiar o cenário do inferno...

Bom... É isso! Agora é assistir, lembrar e votar!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

De volta... Finalmente!

Depois de passar um tempo no ostracismo, o Simplificando Política está de volta!

O triste é ver que muitas coisas importantes e interessantes aconteceram durante este tempo todo em que ficamos fora do ar: O Renan acuado numa sessão do Senado que a TV editou, as brigas nas sessões da Câmara dos Deputados às 3 da manhã que a televisão também não mostrou, uma reportagem besta e muito mal escrita da Veja sobre Che Guevara, a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre fidelidade partidária, etc, etc...

Mas, feliz ou infelizmente, a cena política brasileira não nos deixará mancos.

Certamente!

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

"Você aqui só tem feito palhaçada. Todo mundo sabe que você está vendido"

Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), respondendo ao também senador Almeida Lima (PMDB-SE) que insinuara que aquele teria trejeitos, ontem, no Conselho de Ética do Senado.

Nova enquete no Blog: Vote!

Agora o Simplificando Política quer saber sua opinião sobre o voto secreto no Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), Assembléia Legislativa dos Estados (casa dos Deputados Estaduais) e Câmaras Municipais (casa dos Veredadores).

A questão é controvertida e há bons argumentos para os dois lados:

Quem entende que o voto secreto deve ser abolido sustenta, por exemplo, que os eleitores têm o direito de conhecer os votos e o posicionamento de seus representantes.

Já quem entende que o voto secreto deve ser mantido, costuma sustentar, também por exemplo, que a divulgação do voto pode fazer o parlamentar votar em desacordo com sua convicção, cedendo às pressões impostas pela mídia, opinião pública, etc.

Há, também, a "coluna do meio", composta por aqueles que entendem que o voto secreto deve permanecer apenas em algumas hipóteses, a depender da natureza e escopo da votação (se é uma questão ética, se envolve um projeto de lei, etc.)

A discussão está posta! Queremos saber sua opinião!

Vote!

* A enquete do Simplificando Política fica na coluna da direita do Blog.

Sexta: Feira e um pouco de humor!

A cueca, o decoro e um pouco de história

Quem pensa que a cueca só entrou na história política do Brasil recentemente, com as trapalhadas do PT, está enganado. Já teve gente que caiu por causa dela!

Muito antes de um assessor "companheiro" ser flagrado com dólares na peça íntima, como aconteceu em 2005, um político brasileiro já havia se envolvido em um escândalo por causa deste famigerado item do vestuário masculino.

Descobri esse fato pesquisando sobre os mandatários que tiveram seus direitos políticos cassados ao longo da história do Parlamento no Brasil. Ainda não consegui fechar o número exato, mas desde a vitória da "Revolução Constitucionalista do Porto", em Portugal, no dia 24 de agosto de 1820, que provocou as eleições de representantes do Brasil para as sessões das Cortes Gerais, Extraordinárias, e Constituintes da Nação Portuguesa (fato considerado por alguns historiadores como o marco inicial das atividades legislativas no País) já foram mais de 170.

Todavia, muito embora não tenha finalizado o estudo, posso dizer que o primeiro dos casos foi, no mínimo, curioso: Trata-se do episódio que, no final da década de 40, envolveu o então Deputado Federal Edmundo Barreto Pinto (PTB-DF), que foi cassado e perdeu seu mandato por ter posado de cueca e smoking para uma foto.

A foto, naquela oportunidade, foi publicada pela revista de maior circulação no país na época, que se chamava "O Cruzeiro"; E foi assim que ele acabou sendo o primeiro parlamentar a ser destituído de seu cargo no país, por falta de decoro.

À época o deputado admitiu o erro e disse ter sido induzido pelo fotógrafo a posar com a peça íntima (o que foi feito num quarto de um hotel).

E hoje?

Hoje fica a pergunta: Em tempos de mensalão, dólares na cueca, bois fantasmas pagos com cheques voadores, ex-amantes nuas, etc., o que será que aconteceria com Barreto Pinto?

Primeira enquete: Sai Renan!

Terminou a primeira enquete do Simplificando Política.

A pergunta era: O Senador Renan Calheirios (PMDB - AL) deveria afastar-se da Presidência da mesa do Senado Federal?

O resultado: 93% dos votantes disseram que "sim", enquanto que apenas 6% votaram "não".

É isso: SAI RENAN! (E se puder aproveitar pra renunciar e sumir, agradecemos!)

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Dica de Leitura

Quem procura um livro para se iniciar em política, sobre generalidades, escrito quase que como uma conversa, em linguagem e tom coloquiais, este é um dos melhores.
O autor é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e no livro ele responde a questões relacionadas à formação do político.

O livro é proveitoso para os jovens que pretendem entrar na vida política ou políticos que dão os seus primeiros passos na carreira, afinal, não existe um “curso” ou “faculdade” para preparar políticos. Como diz o próprio autor, o que prepara alguém para a vida pública são as experiências, os exemplos e os conhecimentos acumulados, dos quais se extraem lições e um itinerário geral de conduta e, deste livro, pode-se colher algo nesse sentido.

FHC fala ainda da necessidade de um processo contínuo de aperfeiçoamento e da lida com transformações, sobre a diferença entre o político comum e o estadista, sobre como desenvolver o senso de oportunidade (sabendo recuar quando necessário), como se dirigir ao público e aumentar capacidade de agregar pessoas, sobre habilidades para lidar com os outros em situações variáveis e complexas, etc. Além disso, fala de sua relação com a mídia, com o Congresso, e com o poder.

Como é escrito na forma de pequenas cartas, a leitura não se torna maçante, sendo possível ler o livro todo em apenas um dia.

Mesmo não concordando com algumas opiniões manifestadas nessa obra, digo que a leitura vale a pena.

Leia uma das cartas: http://www.ifhc.org.br/Upload/conteudo/Cartas%20a%20um%20jovem%20político%20-%20CAP%202.pdf

(Cartas a um jovem político - Para construir um país melhor, Editora Alegro, 184 páginas)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O que é, o que é: "Questão de Ordem"

Você sabe o que significa “Questão de Ordem”?
Quem já acompanhou uma sessão da Câmara, ou uma reportagem sobre alguma CPI, já deve ter escutado as famigeradas expressões “pela ordem”, “questão de ordem”, etc...
Mas, afinal, o que essa expressão significa?
Quando um Deputado, Senador ou Vereador tem alguma dúvida sobre a condução dos trabalhos legislativos, que geralmente é regida pelos Regimentos Internos das Casas, ele apresenta, ao Presidente da Sessão, uma “questão de ordem”.
Questão de ordem, então, vem a ser a solicitação de esclarecimento a respeito da forma de condução dos trabalhos legislativos em caso de dúvida na interpretação do Regimento Interno. A dúvida pode ser no âmbito interno ou até ser a respeito de eventual confronto com algum dispositivo ou princípio da Constituição.
Mas são assim tantas dúvidas?
O artifício, todavia, é mais utilizado do que deveria.
E isso tem uma razão: É que os parlamentares (muitos da estirpe e educação que nós bem conhecemos), ao apresentarem uma “questão de ordem”, recebem a palavra imediatamente da mesa diretora dos trabalhos.
E é aí que a coisa dá um nó! Como os parlamentares sabem que receberão a palavra de imediato, mesmo naquele tumulto todo no qual geralmente se dão as votações, tudo vira “questão de ordem”: Matérias de mérito, convocações para reuniões, felicitações por aniversários de cidades, divulgação da festa da uva, etc, etc...
É lógico que logo que se percebe que a intervenção não traz dúvida sobre a condução dos trabalhos, na maioria das vezes, a palavra é cassada de imediato. Mas isso depende de “quem é” (ou melhor, de “que lado é”) a pessoa que está a, malandramente, fazer uso da palavra. Mas aí já é outra história...

Curiosidades Sobre o Hino Nacional

A música do Hino Nacional do Brasil foi composta em 1822, por Francisco Manuel da Silva, para comemorar a Independência do país. Essa música tornou-se bastante popular durante os anos seguintes, e recebeu duas letras. A primeira letra foi produzida quando Dom Pedro I abdicou do trono, e a segunda na época da coroação de Dom Pedro II. Ambas versões, entretanto, caíram no esquecimento. Após a Proclamação da República em 1889, foi realizado um concurso para escolher um novo Hino Nacional. A música vencedora, entretanto, foi hostilizada pelo público e pelo próprio Marechal Deodoro da Fonseca. Esta composição ("Liberdade, liberdade! Abre as asas sobre nós!...") seria oficializada como Hino da Proclamação da República do Brasil, e a música de Francisco Manuel continuou como hino oficial.
Somente em 1906 foi realizado um novo concurso para a escolha da melhor letra que se adaptasse ao hino, e o poema declarado vencedor foi o de Joaquim Osório Duque Estrada, que foi oficializado por Decreto do então Presidente Epitácio Pessoa em 1922 e que permanece até hoje.
PODE APLAUDIR?
Diferente do que muitas pessoas pensam, é considerado errado bater palmas após a execução do hino nacional, por ser esta atitude tida como desrespeitosa. O aplauso é, inclusive, desencorajado por uma Lei (parágrafo único do art. 30 da Lei 5700/71)* que trata dos símbolos nacionais.
Este parágrafo, entretanto, gera controvérsias.
Há quem diga que o tal parágrafo se refere a manifestações durante a execução do hino e que, portanto, não coíbe aplausos (ou qualquer outro tipo de manifestação) após a execução, ficando a critério do cidadão aplaudir ou não. No entanto, este parágrafo fala em "forma de saudação" o que pode ser interpretado como qualquer manifestação em relação ao hino (ou a sua execução, ou à Bandeira) - mesmo que momentos após a sua apresentação.
De qualquer modo, uma vez que o Hino Nacional representa o próprio povo (por ser ele, ao lado da Bandeira e do Brasão das Armas Nacionais, um dos três símbolos máximos da nação), parece descortês aplaudi-lo, pois isso soa como se as pessoas estivessem aplaudindo a si mesmas.
* (Texto do art . 30.: Nas cerimônias de hasteamento ou arriamento, nas ocasiões em que a Bandeira se apresentar em marcha ou cortejo, assim como durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio, o civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações. Parágrafo único. É vedada qualquer outra forma de saudação.)
TINHA INTRODUÇÃO?
A parte instrumental da introdução do Hino Nacional Brasileiro possuía uma letra, que acabou excluída da sua versão oficial do hino. Essa letra é atribuída a Américo de Moura, natural de Pindamonhangaba, que foi presidente da província do Rio de Janeiro nos anos de 1879 e 1880 e apresenta os seguintes versos:
"Espera o Brasil
Que todos cumprai
Com o vosso dever.
Eia avante, brasileiros,
Sempre avante! Gravai com buril
Nos pátrios anais
Do vosso poder.
Eia avante, brasileiros,
Sempre avante! Servi o Brasil
Sem esmorecer,
Com ânimo audaz
Cumpri o dever,
Na guerra e na paz,
À sombra da lei,
À brisa gentil
O lábaro erguei
Do belo Brasil.
Eia sus, oh sus!"

Um pouco de poesia...

"Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma eraque lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o “eu” feliz a qualquer custo, buscando a tal “felicidade” em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos “floreios” para justificaratos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre “contestar”, voltar atrás e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer… Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Sinto Vergonha de Mim - Rui Barbosa* (Escrita em 1914, mas sempre contemporânea).

* Rui Barbosa de Oliveira era baiano. Foi Deputado Provincial, Geral e Senador, sempre pelo Estado da Bahia. Era Advogado e também jornalista, político, diplomata, ensaísta, jurista, orador. Obrigado a se exilar (resistindo a Floriano Peixoto), retornou ao Brasil em 1895 e assumiu mandato no Senado, para o qual foi sucessivamente reeleito até à morte. Foi candidato à presidência da República, tendo sido derrotado nos pleitos de 1910, 1914 e 1919, por nunca contar com o apoio das oligarquias locais, as quais sempre combateu. Faleceu em 1923. É o patrono do Senado, e seu busto observa, de cima da Mesa diretora, os trabalhos do Plenário da Casa em Brasília. Para muitos, foi o maior Senador de todos os tempos. Um dos maiores destaques seus, enquanto congressista, foi a participação na Assembléia Constituinte de 1891.

sábado, 18 de agosto de 2007

Alguém entende?

O avião pousa, numa pista curta, com carga máxima em dia de chuva... derrapa... não freia... bate no prédio... pega fogo... morrem 200 pessoas... e sabe quem vai preso? O dono do puteiro... Pior que isso é ver nosso ilustre Presidente... só aponta os erros e, de concreto, não faz nada. Parece até que não está no poder. Aliás, atualmente, ninguém governa o nosso país... somos levados quase que como uma onda, movidos que estamos pelo crescimento do mundo como um todo. No caso do desastre aéreo com o avião da TAM, nosso Presidente demorou três dias para vir a público, talvez (e é nisso que eu acredito) orientado por seus muito bem remunerados marqueteiros... E, quando veio, mais uma vez apenas leu uma mensagem que deram a ele. Sim! apenas leu! E a mensagem foi dada, sim! Não foi ele quem a escreveu... Ele, como eu disse anteriormente, não governa! É um bibelô inanimado de luxo, que enfeita a prateleira do projeto de poder do PT. Um exemplo forte disso é o fato de ele ter afirmado que "desconhecia o problema da crise aérea" (sic). E é forte o exemplo pois, na época de campanha, ele publicou (corrigindo, ele "assinou") uma matéria publicada no jornal Valor Econômico que falava justamente disso. Então, é como já disseram: ou ele é um mentiroso, ou ele é um incompetente. De duas, apenas uma. Esse blog tem foco principal no Poder Legislativo, mas com esse Presidente não há como passarmos em branco pelas ações do Executivo. Seria o mais trágico ver que, nas poucas oportunidades em que fala por si, o Presidente diz obviedades ou bobagens, na maioria das vezes ferindo de morte nossa língua portuguesa. Todavia, o mais trágico não é isso. Morreram 200 pessoas e nada foi feito até agora. Dos projetos e determinações anunciadas pelo Presidente, todas já foram canceladas. Ele, mais uma vez, simplesmente mentiu sobre providências futuras e, sobre o passado, acusou subordinados, esquecendo-se também de que foi ele quem assinou as nomeações. Não estou destacando a morte de 200 pessoas num avião. Sei que no Brasil morre um número ainda maior de pessoas por falta de políticas afirmativas nas áreas de segurança pública, saneamento básico, etc. Mas esse Presidente, mesmo com o melhor dos azeites, não dá pra engolir. Isso é que está, cada vez mais, difícil de se suportar.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Tuma: Mais uma vez, só poeira...

Mais uma vez o Senador Romeu Tuma (DEM-SP) está a buscar os holofotes através das TVs e dos jornais, sempre sedentos por mais uma pontinha de notícia a respeito de algum escândalo político. Desta vez, seguindo a linha do PSOL, ele (que é Corregedor do Senado Federal) está se valendo do fato de o suplente de Senador Gim Argello (PTB-DF) ter assumido a vaga deixada por Joaquim Roriz (PMDB-DF), que renunciou ao seu mandato. Os jornais de ontem e de hoje estão a destacar o fato de que Tuma obteve a garantia do juiz da 1ª Vara Criminal de Brasília, Roberval Belinati, de que receberá a documentação apreendida na Operação Aquarela, feita pela Polícia Civil do Distrito Federal, e que com ela pretende "investigar" o novo Senador. Todavia, o fato é que, mais uma vez, essa movimentação está ocorrendo apenas para se fazer poeira... No máximo, uma pressão política barata para "mostrar serviço". É que o Regimento do Senado apenas considera como "quebra de decoro" o fato praticado pelo congressista no exercício do Mandato, de maneira que nada que pese contra Argello anteriormente à sua posse poderá ser usado no Conselho de Ética. Do contrário, Gino reverterá facilmente esta questão na Justiça. Não estou a defendê-lo. O fato é que, a despeito de todos os crimes que Argello parece ter praticado, esta pressão poderia ser exercida longe da mídia, já que os custos gerados por um processo judicial (inclusive eventual indenização) sairão, mais uma vez, dos bolsos de todos nós.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Falece Júlio Redecker - Ironia do Destino

O Deputado Júlio Redecker (PSDB - RS) era mais um cidadão que estava a bordo da aeronave da TAM que, no dia de ontem (17/07/07), sofreu acidente na região do aeroporto de Congonhas, na Capital do Estado de São Paulo. Lamento muito o ocorrido; E, a par disso, percebo também uma leve e lastimosa ironia do destino. É que Júlio Redecker era líder da minoria na Câmara dos Deputados. Isso significa dizer que ele era o líder dos congressistas que fazem oposição ao Governo Lula. E é justamente aí que está a ironia: Ainda não há como se dizer quais as causas predominantes que motivaram o acidente. Todavia, uma das mais cotadas é a de o avião não ter conseguido desacelerar a tempo, o que teria levado ao descontrole total da situação (para manobra de emergência em solo ou para arremetimento), em razão da inexistência de ranhuras na pista (grooving) que possibilitassem o escoamento da água que provavelmente provocou aquaplangem. Nesse cenário, não consigo dissociar o acidente da incompetência do Governo do Presidente Lula. É que cada vez mais a má gestão pública, a politização das decisões técnicas, a partidarização das agências e órgãos governamentais, em conjunto com a incompetência técnica, administrativa e gerencial da equipe de governo estão a prejudicar nosso cotidiano, vale dizer, nossa vida em curto prazo. Quem duvida que os representantes do governo citarão novamente o pífio, contraditório e vergonhoso argumento de que o "crescimento do país" e o "desenvolvimento econômico" são as causas desta desorganização? Eu não duvido... Aliás, esse argumento não é lógico, não é inteligente e muito menos aceitável! Em nenhum lugar do mundo o desenvolvimento econômico (que, aliás, apenas está ocorrendo no Brasil em razão da base alicerçada pelo Governo do ex-presidente FHC) é pálio justificador para incompetência, grosserias e desmandos. O pior é que, nesse caso, o que se tirou dos cidadãos não foi dinheiro (com tributos), segurança (com a falta de investimentos), etc... O que a incompetência do Governo Lula pode ter nos tirado, neste caso, é algo maior: Vidas humanas. E (a despeito de todas as vidas que foram perdidas naquele trágico episódio terem o mesmo igual valor) em razão de esse blog ser sobre política e sobre os efeitos que ela tem em nosso cotidiano, tenho que relevar o fato de estar hoje falecido um Deputado. E dos poucos bons Deputados Federais que há na Câmara. Não estou aqui, nem de longe, a dizer que algo foi proposital nesse infortúnio. Mas não há como destacar que por incompetência do Governo Lula um de seus principais e mais fervorosos opositores pode ter falecido. Triste, realmente triste, ironia do destino.

Rápida crítica feita ao Senador Gilvan Borges* (PMDB – AP), lida ao vivo no programa Fórum Debate, realizado pela TV Justiça em de 16/07/07:

"Se o Senador cita a existência de uma “indústria” em torno do Exame de Ordem, há que se lembrar que “indústria” maior está alicerçada nas más faculdades que o Governo não fiscaliza. Não fiscaliza nem a abertura nem aplica as penas de fechamento quando de más avaliações no Enade. A par disso dá à OAB um papel apenas opinativo, sem poder de veto (sendo que na grande maioria das vezes o parecer da Ordem é estranhamente ignorado).

Talvez com essa iniciativa (projeto de Lei) o Senador não perceba que estará aumentando ainda mais esta “indústria”, já que aí sim os “empresários da educação” se beneficiarão de matrículas de estudantes que terão a falsa idéia de que para ser Advogado basta superar os 5 anos de bancos de faculdade.

Isso apenas prejudicará a sociedade, já que estará encharcada de maus profissionais.

O GRANDE PROBLEMA DOS LEGISLADORES BRASILEIROS É JUSTAMENTE ESTE: pensam apenas nos efeitos e não nas causas.

O Senador quer extinguir o exame porque “muitos não são aprovados”, ao invés de cobrar do governo uma fiscalização mais rígida das faculdades e até do estudo de segundo grau.

O Senador tem que entender que o curso é de DIREITO e não de ADVOCACIA.

Horácio Conde S. Ferreira - Advogado em São Paulo"

* O Senador Gilvam Borges é autor do Projeto de Lei 00186/2006, que visa abolir o Exame de Ordem, necessário à inscrição como advogado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).