terça-feira, 27 de maio de 2008

Já passou e nunca passará...

Esta é uma foto de como estava hoje a mesa que o recentemente falecido Senador Jefferson Péres (PDT-AM) ocupava nas sessões da CPI dos Cartões Corporativos.

É quase revoltante, mas não vi sequer um daqueles "cidadãos indignados" com o crime da garota Isabela fazer qualquer manifestação de luto pela perda daquele inigualável homem público. E eu procurei; procurei muito.

Não que uma vida valha mais que a outra, nada disso; mas é que - cada vez mais - um povo que quer fazer justiça com as próprias mãos não cuida das mãos daqueles que têm poder para evitar, por exemplo, milhares de outras mortes de crianças pobres que são enterradas pela fome todos os dias (Cerca de 16 mil crianças com menos de cinco anos morrem de fome (ou problemas a ela relacionados) por dia, segundo dados da FAO - Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação).

E o poder que eles têm, pasmem - se alguém aí já esqueceu - é dado por nós mesmos...

Ignore a política. E quando uma criança morrer de fome por conta da falta de políticas públicas que garantam a ela o mínimo necessário para sobreviver, lembre-se: QUEM MATOU ELA FOI VOCÊ!

Para Refletir: Bakunin. Ele, há muito, já avisava...

Mikhail Alexandrovich Bakunin (1814/1876) foi talvez o mais brilhante dos Anarquistas. Ativista político russo, nascido em Premukhino, província de Tver, inspirador de movimentos europeus de contestação política e social. Filho de um rico proprietário de terras, nascido no seio de uma família aristocrática, após os vinte anos começou a estudar a filosofia de Hegel. Entrou para o curso de filosofia da Universidade de Berlim (1840) quando começou suas atividades políticas, criticando a filosofia especulativa, preferindo a teoria da ação política e afastando-se do pensamento hegeliano. Viajou pela Europa (1843-1848), conheceu Karl Marx e Proudhon (outro grande Anarquista). Em Paris, retomou parte no Congresso Eslavo de Praga (1848) e participou da Revolução Proletária, em Paris (1848), a histórica "Comuna de Paris". Participou da insurreição de Dresden (1849), onde foi preso e condenado à morte, tendo sua pena sido posteriormente alterada, quando foi entregue ao governo russo - que o manteve preso em São Petersburgo e posteriormente o exilou para a Sibéria (1857) de onde fugiu (1860) para o Japão e depois se fixou na Suíça. Fundou a Aliança Internacional da Democracia Social (1868) e acabou influenciando o proletário e atraindo mais pessoas. Durante disputa pela liderança da Associação Internacional de Trabalhadores, a famosa I Internacional, rompeu definitivamente com Marx no Congresso de Haia (1872). Em oposição a Comte, passou a perceber a centralização da autoridade e do Estado como a fonte de todo problema, identificando aí obstáculos ao desenvolvimento das pessoas e das Nações. Foi expulso da AIT por divergências políticas. Faleceu em Berna, na Suíça. A Associação Internacional dos Trabalhadores encerrou suas atividades no ano de sua morte (1876), resultado da disputas políticas internas entre os socialistas autoritários e libertários.

sábado, 24 de maio de 2008

Os bons morrem jovens...

Quem era ele, nesta agora terra de ninguém:

Jefferson Carpinteiro Péres nasceu em Manaus, em 1932. Foi professor universitário com pós-graduação em Ciência Política e renomado Advogado. (Clique aqui para acessar sua página pessoal na internet)

Iniciou sua vida parlamentar em 1988, quando foi eleito vereador, pela cidade de Manaus, tendo sido reeleito em 1992.

Jefferson Péres chegou ao Senado em 1995, onde se destacou por seu trabalho em prol da agilização da Justiça e pela reestruturação da Zona Franca de Manaus.

De forma especial, os árduos trabalhos e a colaboração ímpar durante a criação do Conselho Nacional de Justiça - que à época contrariaram interesses de poderosos dos cenários político e jurídico nacional - ajudaram a eternizá-lo com o alguns dos - talvez - últimos parlamentares que se candidataram e lançaram-se à carreira pública não em busca de um degrau a mais na profissão ou carreira, mas com o espírito público que permite o desprender-se dos interesses pessoais e particulares em prol daquilo que, sim, deveria ser o legítimo interesse do parlamentar: o infelizmente empoeirado espírito público.

A modernização econômica e a moralização das finanças públicas também foram focos de sua atuação. No Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, foi o relator do processo que levou à cassação do ex-senador Luiz Estevão. Além disso, dos relatores dos processos que investigavam as confusas atitudes de Renan Calheiros, foi o único senador responsável que - com coragem quase solitária - pediu a cassação daquele triste, tristonho e entristecedor senador do PMDB.

Dentre os Projetos de Lei de que foi relator, marcou também sua passagem pelo Senado a relatoria da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ultimamente, sua marcante presença parlamentar abrilhantava a liderança do PDT no Senado, sendo um dos principais líderes da bancada.

Em 2006, com discurso em defesa da ética, foi candidato a vice-presidente, na chapa de Cristovam Buarque.

É, caros leitores, os bons morrem jovens; jovens como Jefferson, que além de história, deixará insubstituíveis saudades e silêncios.

(Informações pessoais extraídas da página do Senado Federal).

terça-feira, 13 de maio de 2008

VÍDEO DA SEMANA: Orestes Quércia X Rui Xavier

"Safado! Mentiroso! Caluniador! Canalha! Malandro! Cala a boca..."

Um delicioso episódio da história do programa Roda Viva, da TV Cultura, aconteceu em 1994.

Orestes Quércia, então candidato à Presidência da República, quando perguntado pelo jornalista Rui Xavier sobre como enriqueceu rapidamente, descontrola-se e solta o verbo em rede nacional!

Um vídeo muito interessante e engraçado de se ver! Veja a íntegra da discussão na dica de vídeo (lado direito da página) ou clique aqui para vê-la através do Youtube.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Nova enquete: NARDONI PARA PRESIDENTE?!?

É com certa tristeza que percebemos que a atenção das pessoas volta-se apenas para verdadeiras desgraças. Se nos noticiários não há miséria, não há calamidade, não há penúria, não há infelicidade, não há também audiência.

E por quê?

Difícil responder; Difícil entender os motivos pelos quais as pessoas dão mais importância a problemas alheios, que em nada influenciam as suas vidas, do que para alguns que literalmente lhes tiram dinheiro do bolso.

Moramos no país que mais cobra tributos dos cidadãos. E qual é o resultado disso, junto à população e à mídia, numa semana como esta em que alguns impostos foram aumentados sem qualquer justificativa pelo governo? Nenhum!

Moramos num dos países em que os crimes de "colarinho branco" mais ficam impunes. E qual é o resultado disso numa semana em que se constatou que milhões de dólares foram desviados em favor de ONGs desconhecidas e em que projetos de lei que endureciam as penas para estes crimes foram, simplesmente, arquivados pela Câmara dos Deputados? Nenhum!

Os noticiários (porque querem e vivem audiência, independentemente da notícia veiculada) nada disseram a esse respeito. Por outro lado, as notícias de mais um crime bárbaro (nesse caso, o cometido contra uma criança indefesa) não param de pulular.

O que seria preciso, então, para que as pessoas prestassem mais atenção na política e em nossos governantes?

Será necessário sejam suprimidos todos os seus direitos, todo o seu dinheiro, para que passem a gastar mais fosfato nisso do que com desgraças alheias que, no fim das contas, em nada lhes importam?

Em razão disso, para medir a temperatura deste termômetro, lançamos a campanha: NARDONI PARA PRESIDENTE!

Isso pode, num primeiro momento, soar absurdo. Mas lembramos: casos como o da pequena Isabella (a criança assassinada) acontecem às centenas. Dados do Ministério da Saúde, por exemplo, mostram que de dez em dez horas pelo menos uma criança está sendo morta. As informações catalogadas pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) nos mostram que 5.049 assassinatos vitimaram crianças, de ambos os sexos, em apenas seis anos.

Tenho visto, além das horas e horas seguidas em noticiários, várias manifestações públicas por conta de mais este crime.

Entretanto, não vi sequer um grupo, uma pessoa sequer, manifestar-se sobre o dinheiro que lhes foi literalmente roubado através dos desvios para as ONGs, por exemplo. Não vi sequer uma única faixa estendida, um único cartaz colocado na frente da Câmara dos Deputados para protestar sobre o literal enterro dos projetos de lei que criminalizavam atitudes típicas de "colarinho branco".

Ou está sobrando dinheiro para o povo, ou então o caos está próximo...

Ou, no fim das contas, devemos eleger NARDONI PARA PRESIDENTE?!?

A enquete está posta (lado direito da página). Responda: O que faz com que a população preste mais atenção em problemas alheios do que no cotidiano de nossos governantes, que cuidam de nosso dinheiro, nossa segurança, nossa educação, transporte, etc.? Falta de educação, falta do que fazer, falta de vergonha na cara...

É como pretendemos provocar; e é o que pretendemos descobrir!

Debate de 1989 - Link do Vídeo

O resumo de um debate de 1989 foi algo muito comentado pelos leitores do Simplificando Política que participaram da enquete sobre as eleições presidenciais daquele ano. Em razão disso, resolvemos deixar o link (clique aqui) para que seja sempre visto e lembrado.

Boas risadas a todos!

Curiosidades e Resultado Oficial das Eleições Presidenciais de 1989: É triste acordar...

As eleições do Simplificando Política elegeram Covas para Presidente (veja post abaixo). Entretanto, a realidade é um pouco mais cruel (diria eu: até mais chata) do que os sonhos dos nossos leitores.

É que as eleições de 1989 foram vencidas por um então jovem mancebo, do qual muito poucos sabiam algo em profundidade.

Olhe aí o resultado oficial da eleição para presidente da República:

PRIMEIRO TURNO:

1º lugar - Fernando Collor de Mello (PRN / PSC) - 20.607.936 votos

2º lugar - Luiz Inácio Lula da Silva (PT / PSB / PC do B) - 11.619.816 votos

3º lugar - Leonel de Moura Brizola (PDT) - 11.166.016 votos

4º lugar - Mário Covas Junior (PSDB) - 7.786.939 votos

5º lugar - Paulo Salim Maluf (PDS) - 5.986.012 votos

6º lugar - Guilherme Afif Domingos (PL /PDC) - 3.271.986 votos

7º lugar - Ulysses Guimarães (PMDB) - 3.204.853 votos

9º lugar - Roberto Freire (PCB) - 768.803 votos

10º lugar - Aureliano Chaves (PFL) - 600.730 votos

11º lugar - Ronaldo Caiado (PSD) - 488.872 votos

12º lugar - Affonso Camargo (PTB) - 379.262 votos

13º lugar - Enéas Carneiro (Prona) - 360.574 votos

14º lugar - José Alcides Marronzinho de Oliveira (PSP) - 238.379 votos

15º lugar - Paulo Gontijo (PP) - 198.708 votos

16º lugar - Zamir José Teixeira (PCN) - 187.160 votos

17º lugar - Lívia Maria (PN) - 179.896 votos

18º lugar - Eudes Mattar (PLP) - 162.336 votos

19º lugar - Fernando Gabeira (PV) - 125.785 votos

20º lugar - Celso Brant (PMN) - 109.894 votos

21º lugar - Antônio Pedreira (PPB) - 86.100 votos 22º lugar - Manuel Horta (PDC do B) - 83.280 votos

SEGUNDO TURNO:

1º lugar - Fernando Collor de Mello (PRN / PSC) - 35.089.998 votos

2º lugar - Luiz Inácio Lula da Silva (PT / PSB / PC do B) - 31.076.364 votos

É... 1989 definitivamente entrou para a história, por diversos aspectos. Algumas coisas, aliás, tornaram-se inesquecíveis na memória de milhões de brasileiros: algumas pela polêmica envolvida, outras pela boa estratégia de marketing e comunicação política, outras, ainda, por beirarem ao ridículo.

Então, para mudar de assunto, para darmos boas risadas e para não cairmos novamente em alguns dos verdadeiros golpes - no sentido de manobra desonesta, claro - que aplicaram nos brasileiros, lembremos de algumas curiosidades daquela eleição:

1) Às vésperas da eleição a Rede Globo promoveu um debate final entre Collor e Lula e, no dia seguinte, levou ao ar uma versão editada do programa em sua exibição no Jornal Nacional: Vários analistas sustentaram que a edição foi favorável a Collor e que teria influenciado o eleitorado (fato este, aliás, admitido mais tarde por várias pessoas ligadas à Globo, conforme se mostra no documentário "Muito além do Cidadão Kane", já recomendado (clique aqui) pelo Simplificando Política);

2) O programa de Lula abria com a vinheta da “Rede Povo” e contagiou gerações com o jingle “Lula lá, brilha uma estrela”;

3) Leonel Brizola imortalizou seu inesquecível “lá lá lá lá lá, Brizoooola” e prometia rever a concessão da TV Globo;

4) Guilherme Afif Domingos também ficou conhecido por seu bom slogan: “dois patinhos na lagoa, vote Afif 22”;

5) O saudoso Enéas Carneiro, em sua primeira aparição ao mundo tinha de fazer sua campanha aos berros, tudo em menos de trinta segundos;

6) Havia, ainda o Marronzinho, que aparecia amordaçado com um locutor, ao fundo, avisando: "Cuidado, ele vai falar!" E quando falou... Disse que iria "obrigar" a Petrobras a usar seu equipamento para procurar água no Nordeste. Cada uma... Seu lema era: "Pobre vota em pobre";

7) Havia também o Antônio Pedreira, outro muito engraçado: Xingava Collor, Lula, Brizola... E quase não tinha programa, de tanto direito de resposta que aparecia;

8) Silvio Santos (sim, o próprio!) também tentou, mas teve sua candidatura cassada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). E, de forma curiosa, em seu programa eleitoral, ensinava (veja o vídeo, é muito engraçado!): "quem confia no Sílvio Santos, quem quer dar o seu voto para Sílvio Santos, deve marcar o 26. Então, 26, "Corrêa". Só que não é "Corrêa". "Corrêa" é o Silvio Santos!";

Enfim... Episódios que certamente não veremos mais.

Mas, para mim, ainda fica a pergunta: Devemos torcer para que nunca mais nada daquilo aconteça; ou seria melhor que tudo voltasse, em dobro? Esta, sim, é uma "dúvida cruel"...

Fim das Eleições: Mário Covas (PSDB) na cabeça!

A última enquete realizada pelo Simplificando Política simulou as eleições presidenciais de 1.989. Exibido o vídeo com trechos de um bem-humorado debate, nossos ilustres visitantes puderam votar naqueles então candidatos, dos quais, muitos, ainda continuam presentes na cena política nacional.

Puderam ver Covas chamando a Maluf de cínico; Brizola dizendo que havia "puxa-sacos" do Sr. Sílvio Santos entre os presentes; Lula dizendo que Maluf era competente porque "competia, competia, mas nunca ganhava"; Caiado dizendo que a campanha do PT "achaca" comerciantes em São Paulo para arrecadar dinheiro (e Lula respondendo que a de Caiado fora "impugnada pelo povo"); Brizola, quase como um profeta, dizendo que "desconfiava muito do PT como partido de natureza social, como movimento de natureza social" e que achava o "PT uma frente, onde uma das partes, integrante da frente, é maior do que a própria frente"; dentre tantas outras saborosas e até engraçadas passagens...

Bons tempos aqueles, nos quais marketeiros não eram tão presentes quanto hoje: tanto nas campanhas, quanto nos próprios governos.

Além disso, aquele pleito, que foi vencido por Collor (com uma mãozinha da Rede Globo de Televisão), era especial: havia 20 (vinte) anos que no Brasil não se realizavam eleições, que aconteceram em 1989 apenas após o movimento "Diretas Já" e o fim do regime militar.

Vejamos, então, o resultado de nossas eleições:

Mário Covas (PSDB) - 52% dos votos

Lula (PT) - 32 % dos votos

Brizola (PDT) - 15% dos votos

Ulisses Guimarães - 15% dos votos

Paulo Maluf (PDS) - 8% dos votos

Enéas Carneiro (PRONA) - 8% dos votos

Afif (PL) - 4% dos votos

Roberto Freire (PCB) - 4% dos votos

Como vimos, fossem as eleições decididas, em 1989, pelos leitores do Simplificando Política, o resultado seria outro; Aliás, não seria apenas outro, seria melhor, muito, muito melhor...

sábado, 19 de janeiro de 2008

Para Refletir: Maiakovski, Brecht e Niemöller. Três textos sobre nossa atual ACOMODAÇÃO POLÍTICA

"Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.
"

Vladimir Vladimirovich Maiakovski (1893/1930). Poeta Russo. Ingressou aos 15 anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo. Foi preso e apoiou a Revolução de Outubro (Bolchevique ou Vermelha), que, liderada por Lenin, se tornou a primeira revolução comunista marxista do Século XX. Influenciou profundamente o futuro da poesia em seu país e no mundo. Suicidou-se com um tiro em 1930.
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"Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso

Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável.

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei.

Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo."

Eugen Berthold Friedrich Brecht (Bertolt Brecht era um nome artístico) (1898/1956). Médico, dramaturgo e poeta alemão. Revolucionou o teatro com peças que visavam estimular o senso crítico e a consciência política do espectador. A crítica social e política contida em suas obras, sua ironia e seu humor cínico causaram escândalo na República de Weimar alemã. Com a ascensão ao poder dos nazistas, iniciou-se uma longa odisséia para Brecht, que, no final, o conduziu à Califórnia, onde permaneceu até o final da guerra. Autor de várias obras, foi uma das principais vozes que se ergueram contra o nazismo. Morreu em decorrência de um infarto.
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"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.

Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.

Como não sou comunista, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.

Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram;

já não havia mais ninguém para reclamar..."

Martin Niemöller (1892/1984). Teólogo e Pastor Alemão. Foi um dos símbolos maiores da resistência ao regime nazista. Em movimentos iniciados na igreja, foi acusado de "abusar do púlpito" e de fazer "declarações contra o Estado". Em razão disso foi perseguido, processado e preso, tendo sido enviado por Hitler para vários campos de concentração como seu "prisioneiro pessoal".

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

As Energias, Minas, São Paulo...

Às vezes o sotaque marqueteiro do presidente Lula, comum ao PT, é de destruir a paciência. Na segunda-feira, ele disse: “A questão energética vive de boatos. Todo dia tem boato de que vai acontecer isso, vai acontecer aquilo. O dado concreto é que o Brasil está seguro de que não haverá apagão e de que não faltará energia para dar sustentabilidade ao crescimento que nós queremos ter no Brasil”.

Ontem, o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica (Abiape), Mário Luiz Menel, desmentiu o presidente. Para ele, na prática já estamos operando em ritmo de apagão, pois no mercado spot (ao qual se recorre na hora do aperto) o megawatt-hora está custando R$ 569,59, mais de cinco vezes o valor de três meses atrás.

A esse preço, daqui a pouco será proibitivo fabricar um produto que utilize muita energia, como o alumínio, por exemplo. Quer dizer: falta o apagão chegar no consumidor final, coisa que já está prometida no anúncio de aumento da tarifa. Então, como é que Lula, que nada entende do assunto (de qual entenderá?), xinga os técnicos da área dizendo que ela vive de boato. Ele é que é desinformado. Numa hora dessas, ele deveria perceber que é obviamente o pior momento para se trocar o ministro. O novo levará no mínimo um mês para fazer um diagnóstico e não há tempo para isso.

E pior que isso é o nome cogitado, o do senador Edson Lobão (PMDB-MA). Ele nada entende de energia. Claro que ministro é um cargo político. General também, mas aprender a atirar depois de começada a guerra é um pouco demais.

Escolhido, a tendência de Lobão será trocar o secretário executivo, Nelson Hubner (ministro interino há oito meses). Se fizer isso, será um desastre, pois esse, sim, é um dos poucos que sobraram que entendem do assunto; se não fizer, corre o risco de jamais tomar posse de fato, pois comerá sempre na mão de Hubner.

Num ano eleitoral, para quê o PMDB quer um ministério-mico às vésperas do racionamento explodir no colo de Lula, salvo uma tormenta daquelas no resto do trimestre? Tá legal que eles já puseram a culpa na Dilma, mas é a cara de Lobão que vai sair na foto.

Para quê pôr um ministro com vida pessoal embrulhada no lugar de outro, de vida pessoal também embrulhada, que justamente por isso foi afastado do cargo há quase um ano?

Isso, para mim, está mais parecendo uma negociação para a próxima eleição municipal na Capital de São Paulo, a fim de favorecer o apoio do PMDB à candidatura da ex-prefeita Marta Suplicy. É que, além do próprio ministro, o próximo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia provavelmente será Miguel Colassuono, que foi Prefeito de São Paulo de 1973 a 1975. Ele vem apoiado pelo Deputado Michel Temmer e por Orestes Quércia (Presidente do PMDB/SP).

É encrenca em excesso até para um governo que vive envolvido em acusações de corrupção. Mas se Lula só sabe trabalhar assim, paciência.

Adaptação do Texto de José Negreiros, Jornalista.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Palavras, palavras, palavras...

Como tudo nessa vida tem um ônus e um bônus, ao menos a medida anunciada pelo Governo, a respeito do aumento da carga tributária, nos faz lembrar daquela bela canção "Palavras ao Vento", da breve, porém intensa, Cássia Eller.

Mas, além desta agradável lembrança, nada mais há de positivo para se tirar de mais esta verdadeira traição. Como já declarou o Deputado Onyx Lorenzoni (PSDB-RS), "mais uma vez o presidente Lula mentiu. Ele não preza pela própria palavra".

E nós, pobres administrados, os verdadeiros membros do povão, nada podemos fazer.

Aliás, se fazer algo já é difícil, que diriam então os que tentam entender a lógica deste Governo? A propósito disso, pensei aqui num pequeno resumo dessa história toda:

1) O Governo quer aprovar continuação da cobrança da CPMF;

2) Para isso, argumenta que a verba é necessária para os projetos sociais;

3) Depois, mudando de discurso quando faltavam 15 minutos para se iniciar a votação, diz que os projetos sociais têm verba garantida;

4) Com isso, diz que a arrecadação da CPMF vai para a saúde;

5) Ninguém entende a mudança tão brusca que, ao final, além de denotar extrema falta de planejamento, enterra de vez qualquer chance de se crer na palavra do Presidente;

6) E a CPMF cai;

7) No pronunciamento de final de ano, em rede nacional, o Governo coloca a culpa pelo não avanço da saúde na oposição, por não terem aprovado a CPMF;

8) O povo fica sem entender quais "avanços" seriam estes, já que nenhum novo projeto foi implementado nessa área até 2007;

9) Mesmo assim alguns poucos ainda acreditam que, muito embora sem nada ter sido feito de substancial na saúde em 5 anos, em 2008 haveria avanços;

10) O governo e diz que haverá aumento de impostos para "repor" a "perda" da CPMF;

11) Então, se a CPMF era para a saúde, o dinheiro todo arrecadado com esse aumento de impostos vai para a saúde, correto?

12) ERRADO!!! Segundo o governo, não haverá novos investimentos na saúde!!!

É, de fato, triste.

Uma coisa é apostar na "curta memória política" do brasileiro. Outra coisa é achar que em menos de um mês todos se esqueceriam de tudo o que se passou e que foi dito, pelo próprio Presidente, inclusive em rede nacional de rádio e TV!!!

O que temos a fazer, então, é apenas não mais nos importarmos com isso. Quando virmos nosso Ilustre Presidente falando na TV, basta abaixarmos o volume que o resultado será o mesmo.

Ele é carismático; Ótimo. Então só o admiremos fisicamente, enquanto ele lê seus pronunciamentos. Afinal, o que ele fala, escreve, promete, etc., etc., não vale nada, absolutamente NADA!

O pior de tudo, caros leitores, é que nosso Presidente não se cansa de nos provar isto. Então, para o nosso próprio bem, não mais o escutemos. Assim, nada terá sido a nós prometido, de maneira que nada haverá para ser traído.

Para terminar, apenas uma lembrança que agora me ocorre: Não sou religioso como nosso Presidente diz ser. Mas há no mercado um livrinho bobo, quase desconhecido, que busquei ler para dele extrair algo de bom: A Bíblia.

E nele há, em Eclesiastes, passagem que alguns aprendem na igreja, outros na vida: "O homem é dono da palavra guardada e escravo da anunciada".

Talvez Lula não tenha vivido o suficiente para aprender esta lição. Ou, então, talvez tenha mentido mais uma vez quando disse que ia à igreja.

Nota do Senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) sobre o aumento da carga tributária

"O "pacote" anunciado pelo governo Lula fere frontalmente o acordo que havia sido formulado com as oposições no Senado, para, entre outras coisas, aprovar a DRU. A hora é de corte de gastos e o governo prefere o confronto. Teria o nosso respeito, na primeira hipótese. Terá nossa luta, na opção que fez.

O compromisso que havia sido firmado conosco garantia que não seria editado nenhum pacote tributário e nem haveria substituição da CPMF por algo que mexesse apenas no nome desse tributo. Também foi prometido aguardar até fevereiro para discutir a intensidade e qualidade dos cortes orçamentários, uma vez que nossa determinação é de salvaguardar os investimentos infra-estruturantes e sociais.

A decisão de descumprir o acordo feito conosco não surpreende e nem decepciona. Infelizmente, o PSDB já sabia que ia ser assim. O governo desmoralizou o ministro José Múcio, desgastou as lideranças no Senado, terá sérios percalços na discussão da peça orçamentária deste ano e agiu no melhor estilo populista latino-americano.

O PSDB não negociará mais com esse governo. Vamos nos confrontar nos episódios dos três anos seguintes e duas coisas precisam ser registradas:

1)O governo é perdulário e não quer discutir redução de gastos, optando pela saída fácil do aumento de impostos, desnecessário na bonança que estamos vivendo;

2)Se o problema é a saúde, por que o governo não destina os recursos do aumento de recursos para a saúde? Alcança-se o mentiroso mais facilmente que o coxo;

Alguns cálculos simples:

Os R$ 42 bilhões "perdidos", da arrecadação presumível da CPMF, vezes 35% de carga tributária é igual a R$ 14,7 bilhões, o que corresponde ao que o dinheiro na mão dos particulares endossará, sob a forma de outros impostos, os cofres públicos;

Deixando de pagar os cheques de rolagem da dívida de CPMF, o governo se beneficiará de outros R$ 10 bilhões;

Um crescimento modesto de 4%, em 2008, repõe outros R$ 12 bilhões;

O total é de R$ 37 bilhões. Os R$ 5 bilhões restantes são muito facilmente remanejáveis, extinguindo alguns dos ministérios da máquina inchada, não contratando 60 mil cabos eleitorais, como prevê o orçamento do ano que vem, demitindo parte dos "companheiros" nomeados para cargos comissionados. Nossa premissa sempre foi salvaguardar infra-estrutura e programas sociais. O dinheiro resultante do aumento da carga tributária anunciada hoje (02/01/) não vai para a saúde - e o problema da saúde, como tem sido dito com todas as letras pelo PSDB, é desvio de recursos somado ao desperdício.

Ou o governo não está preocupado com a saúde ou mente, desde o começo."